Para promover crescimento econômico e inclusão social, tendo a bioeconomia como aliada, uma das estratégias do Governo do Pará é a implantação do Plano Estadual de Bioeconomia (Planbio), que atualmente conta com 92 ações implementadas ou em andamento, mais de 50% das ações previstas.
Lançado na COP 27, no Egito, em 2022, o Planbio impacta diretamente a vida de 67 mil pessoas, com a realização de 12 marketplaces de bioprodutos da Amazônia, o que promove a diversidade de produtos sustentáveis e aumento da renda de mais de 1.056 famílias. Atualmente, são mais de R$ 34 milhões investidos no apoio a mais de 275 negócios.
Integrante do Comitê Executivo do PlanBio e com a missão de fomentar o desenvolvimento de pesquisas e inovações que se aplique o conhecimento científico e tecnológico na produção de produtos para a bioeconomia, a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) fomenta atualmente 89 projetos diretamente ligados ao desenvolvimento de pesquisas e inovações, além de mais 69 startups apoiadas, entre 2023 e 2024.
Pesquisas – São projetos de pesquisa, apoio às empresas inovadoras, formação de jovens pesquisadores, apoio na formação de núcleos de excelência, fortalecimento de programas de pesquisa nas universidades e parcerias internacionais. Na lista de iniciativas, há também a formação de núcleos de excelência, fortalecimento de programas de pesquisa nas universidades e parcerias internacionais.
Entre os projetos está o da engenheira de produção, Ingrid Teles, fundadora da startup Ver-o-Fruto, que utiliza o caroço de açaí para produzir cosméticos e filtrar água, em comunidades ribeirinhas. A cada sabonete produzido, são impedidos de chegar ao meio ambiente 100g de caroço de açaí. Assim, com a proposta de promover a economia circular com um bioproduto, a pesquisadora utiliza o caroço de açaí como sua matéria prima base e transforma caroço em sabonete facial.
Com o beneficiamento deste resíduo, a Ver-o-Fruto movimenta a economia local, impactando toda a cadeia produtiva do açaí. “Hoje terceirizamos toda a produção e fortalecemos todo um quadro de funcionários já atuante, além de fortalecer as comunidades que são fornecedores de nossos parceiros”, informa a pesquisadora.
A Associação de Batedores de Açaí de Belém estima que 16 toneladas de caroços são descartados por dia, o que gera poluição visual, do solo e hídrica.
Investimentos – Somente em 2023, a Fapespa investiu mais de R$ 11,3 milhões em projetos alinhados à bioeconomia e voltados para a valorização do conhecimento tradicional amazônida. Já em 2024, mais 10,5 milhões foram investidos para novos projetos de ciência, tecnologia e inovação. Um montante que até 2026, deve chegar a R$17.645.152,25 para o complemento de projetos já contratados. Esse trabalho prevê ainda novos editais e parcerias que estão em andamento e com a previsão de que em 2025, possamos contar com um aporte de mais R$ 15 milhões.
São projetos como agricultura sintrópica; geração de novos produtos a partir da fauna, flora e microbiota; fortalecimento tecnológico de cadeias como o açaí e o cacau; geração de energia limpa e sustentável; mitigação dos riscos às populações de plantas e animais; novos bioativos para as indústrias farmacêuticas e de cosméticos; validação acadêmica dos conhecimentos ancestrais; formação de mão de obra qualificada, entre outros.
“Dentre os eixos de sustentação do Planbio a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico são de extrema relevância e a Fapespa é a responsável pelo fomento. Então, esses investimentos são refletidos nos números que vão trazer certamente qualidade de vida emprego, renda e a conservação da Floresta Amazônica”, destaca o presidente da Fundação, Marcel Botelho.
Integração – Considerando que o planejamento plurianual do Estado busca atender o território paraense, as ações são planejadas de forma que possibilite a participação e o benefício de toda a população. Para isso, a seleção dos projetos é dividida considerando-se as regiões de interação. A seleção ocorre via editais da Fapespa ou a partir de parcerias estratégicas com outras instituições do Sistema nacional de CT&I.
Na região do Guajará, atualmente, são fomentados 32 projetos. Entre eles está o AmazonCel, o primeiro laboratório de celulose e papel da região Amazônica, que produz papel a partir da fibra do açaí visando produzir embalagens sustentáveis. O laboratório já tem os primeiros resultados que mostram que a fibra é viável e pode ser convertida em celulose utilizando menos produtos químicos do que a convencional indústria.
O projeto está estudando propor papéis mistos de açaí e eucalipto. A coordenadora do projeto explica que o trabalho possui um terceiro objetivo, que é o cientificamente mais avançado, pois trata da produção de nanocelulose e nanopapéis a partir das fibras, além da bioativação desses papéis com óleos e resinas da Amazônia. “O equipamento para o último objetivo chegará início de 2025, mas já posso adiantar que será uma nova linha de papéis do açaí inovadores envolvendo nanotecnologia”, informa a coordenadora da pesquisa, Lina Bufalino, professora UFRA.
Além dos objetivos previstos, o laboratório tornou possível o desenvolvimento de uma linha paralela de papéis, de papel reciclado convencional com fibras do resíduo do açaí. “Estes papéis ficaram interessantes do ponto de vista estético e têm potencial, por exemplo, para serem papéis para convites, presentes ou de apelo Amazônico, já que é possível ver a fibra do açaí dispersa no papel reciclado”, informa a pesquisadora.
Por Manuela Oliveira (FAPESPA) – Agência Pará