Reportagem da DW Notícias, o serviço de mídia pública da Alemanha, mas que também atua no Brasil, apontou para uma situação dramática do clima na capital do Pará, Belém, até 2050. Segundo a reportagem, Belém será o segundo centro urbano mais quente do mundo até 2050, de acordo com um estudo da ONG CarbonPlan em parceria com o jornal americano The Washington Post.
A projeção é de que a cidade terá até lá 222 dias de calor extremo ao ano. No início dos anos 2000, Belém tinha 50 dias anuais de calor extremo. Além disso, o cenário aponta para uma diminuição de chuvas na capital que é conhecida por chover todos os dias.
O climatologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo, afirma que os “extremos estão virando mais extremos”, com o início da estação chuvosa mais tarde, e a estação de estiagem mais longa e mais quente.
“Mas para cenários mais futuros, como 2050, além de aumento das temperaturas e número de dias com ondas de calor, também se está prevendo reduções na precipitação na região leste da Amazônia, segundo vários modelos. Claro, isso não impede que, apesar de a precipitação estar diminuindo, ainda possamos ter dias com muita chuva, aquela que produz inundações”, explica Marengo.
Apesar de todos os esforços na capital paraense, a pesquisadora Marlucia Martins afirma que “não há solução para Belém sem uma solução internacional, porque os efeitos climáticos são globais”. “Atmosfera não tem território, você não define, você define território na Terra, na atmosfera, não”, conclui.
Arborizada, mas só no centro
Ainda segundo a reportagem, um dos aspectos que intensifica a sensação de calor é a quantidade de árvores por metro quadrado, que está aquém do tamanho da população – que já passa de 1,3 milhão. Levando em consideração os municípios do entrono, o número de habitantes ultrapassa os 2,2 milhões.
O professor e coordenador do curso de Geografia da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Rodrigo Rafael, afirma que Belém tem uma média de 2,5 árvores por metro quadrado para cada morador, o que “traz um desconforto térmico muito grande”.
O índice de cobertura vegetal por habitante preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) fica em torno de 9 e 12 árvores por metro quadrado.
A sensação térmica é ainda pior na periferia, onde o verde está menos presente. “São os bairros onde temos um alto índice, por exemplo, de criminalidade, de pobreza. É o que a gente fala de injustiça ambiental. Temos uma população que é vulnerável economicamente e que também está mais exposta a esses eventos climáticos extremos, como ondas de calor excessiva e formação de ilhas de calor”, afirma Rafael.
Assista a reportagem completa no vídeo abaixo: