A população da zona rural de Parauapebas vive um drama constante com a precariedade no fornecimento de energia elétrica. Na última semana, comunidades como Vila Paulo Fonteles, Vila Sansão, Vila Albani, Vila Orelha e Garimpo das Pedras — todas na região do Contestado e do entorno do projeto Salobo — ficaram mais de 72 horas consecutivas sem energia elétrica, enfrentando sérios prejuízos.
Segundo Wilson Siríaco, presidente da Associação de Moradores da Vila Paulo Fonteles, a falta de energia já se tornou rotina e a comunicação com a Equatorial Energia é ineficiente. “A gente liga, os caras passam três, quatro horas para responder. Ficamos sem luz por três dias e, quando voltou, durou só algumas horas. No dia seguinte, ficamos mais dois dias no escuro. E ninguém dá satisfação”, desabafou.
Os impactos são graves: açougues e comércios perderam produtos perecíveis como carnes, frangos e leite; postos de saúde ficaram sem energia para conservar vacinas; e famílias inteiras tiveram seu cotidiano prejudicado. “Só de leite, mais de 6 mil litros foram perdidos na região. É um absurdo”, denunciou o vereador Fred Sansão, que apresentou requerimento na Câmara Municipal cobrando providências da Equatorial.
Requerimento apresentado por Fred Sanção foi aprovado na sessão desta terça-feira (8).
A proposta do vereador é formar uma frente parlamentar regional, envolvendo os municípios de Canaã dos Carajás, Marabá, Curionópolis e outros, para pressionar a concessionária e buscar uma resposta direta junto à superintendência da empresa em Belém. “Nosso povo precisa de respostas. Não podemos mais aceitar essa situação”, afirmou Fred Sansão.
Wilson Siríaco acrescentou ainda que a comunidade está disposta a regularizar o fornecimento de energia. “Queremos pagar, queremos ter energia de qualidade. A Equatorial, porém, não se interessa em regulamentar nossa situação. E, mesmo quando tentam resolver, fazem escolhas técnicas ruins, como retirar pontos estratégicos de desligamento, dificultando a identificação dos problemas na rede”, explicou.
Uma das sugestões feitas pela associação é mudar a rota da linha principal de transmissão de energia, que atualmente passa pela Vicinal 5, para a Estrada do Salobo, onde a manutenção seria mais fácil e o serviço mais eficiente.
A crise energética na zona rural de Parauapebas escancara não apenas a fragilidade da infraestrutura elétrica, mas também o descaso com o interior do município. Comércios em risco, famílias sem assistência, e um sentimento de abandono generalizado movem a mobilização das lideranças comunitárias e políticas.
Enquanto isso, as comunidades seguem no escuro, à espera de ações concretas e do direito básico à energia elétrica.
Respostas
O CKS Online entrou em contato com a Equatorial Pará e solicitou um posisionamento da empresa referente aos problemas enfrentados pela população de Parauapebas devido as oscilações e quedas no fornecimento de energia.
Por meio de nota, a concessionária informou que no mês de março investiu mais de R$ 300 mil na instalação de três religadores automáticos na rede elétrica que atende as vilas Paulo Fonteles, Sansão, Albani, Orelha e Garimpo das Pedras. Estes aparelhos impedem a interrupção por maior tempo, uma vez que possibilitam o restabelecimento automático, evitando danos maiores a rede e reduzindo o impacto para os consumidores.
Porém, estes religadores automáticos não devem estar funcionando como previsto ou programado, pois a região passou 72 horas sem energia, ou seja, três dias. A não ser que três dias no escuro seja considerado pouco tempo para a Equatorial.
No comunicado, a empresa relatou ainda que no 1º trimestre de 2025 realizou dois desligamentos programados na rede elétrica que atende essas localidades, para que os profissionais atuassem com segurança na retirada de vegetação da rede, substituições de componentes da rede, como chaves e crutezas, e instalação de equipamentos. No mesmo período, profissionais da concessionária de energia realizaram a limpeza de 20 hectares na rede principal e de algumas vicinais.
Entretanto, a Equatorial não informou quanto tempo durou esses desligamentos programados, nem se os moradores foram avisados com antecedência para que pudessem se preparar para ficar sem energia.
A concessionária acrescentou ainda que investiu mais de R$ 76 milhões na região Sudeste para ampliação de equipes do atendimento emergencial e aquisição de novos veículos, com tecnologia de comunicação e starlink, que permite o monitoramento da execução dos serviços. “A Equatorial Pará reitera que, nos próximos dias, equipes técnicas atuarão em mais uma etapa do cronograma de manutenção preventiva na localidade”, destacou.
Por fim, em relação a sugestão dos moradores, a Equatorial relatou que “está em estudo”.
Redação CKS Online
Uma resposta
A equatorial fes sim dois desligamentos e avisou os moradores porém a energia voltou logo, mais esses dias passamos mais de 72 horas sem energia. Eles vinheram arrumar e ficamos apenas 2 horas com energia depois disso faltou novamente e ficamos mais 2 dias sem energia, e mesmo assim o talão de energia aqui em casa veio no valor de 450 reais um absurdo, sendo que aqui em casa só temos um ventilador uma geladeira e uma TV. E mesmo asim veio esse absurdo todo.