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Wesley Oliveira

Mestre em Economia (UFPA, 2011), graduado em Ciências Econômicas (UFPA, 2009). Analista de dados e consultor em planejamento governamental, tendo prestado serviços em prefeituras, na Câmara dos Deputados e em alguns ministérios, como o da Justiça, o da Cultura, além da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Também prestou consultoria para a SUDAM e atuou como Assistente de Pesquisa da Assessoria Técnica da Presidência do IPEA e como professor universitário na UNIFESSPA. CEO da ECONPLAN Consultoria Econômica e Planejamento

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Mestre em Economia (UFPA, 2011), graduado em Ciências Econômicas (UFPA, 2009). Analista de dados e consultor em planejamento governamental, tendo prestado serviços em prefeituras, na Câmara dos Deputados e em alguns ministérios, como o da Justiça, o da Cultura, além da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Também prestou consultoria para a SUDAM e atuou como Assistente de Pesquisa da Assessoria Técnica da Presidência do IPEA e como professor universitário na UNIFESSPA. CEO da ECONPLAN Consultoria Econômica e Planejamento

Engenharias em alta: Canaã dos Carajás lidera ranking estadual com maior concentração de profissionais da área

Um dado curioso, mas revelador, chama atenção no Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): o município de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, é o que possui a maior proporção de profissionais formados em engenharia, produção e construção entre todos os municípios paraenses. Nada menos que 22,8% dos moradores com ensino superior completo são formados nessa grande área.


Na prática, isso significa que, de um total de 5.788 pessoas com diploma de nível superior em Canaã dos Carajás, 1.321 são engenheiros ou profissionais com formação técnica superior voltada à produção e construção. As formações mais comuns são engenharia civil e construção (261), engenharia mecânica e metalurgia (232) e tecnologia de proteção ambiental (223). Esse retrato mostra o quanto a atividade econômica da cidade influencia diretamente no perfil de sua mão de obra qualificada.


E o que explica essa forte presença desses profissionais em Canaã dos Carajás? A resposta está debaixo da terra — e em tudo que gira ao redor dela.


Canaã é uma das principais potências da mineração no Brasil. Com projetos gigantescos como o S11D, da mineradora Vale, o município se tornou símbolo da indústria extrativa mineral. O impacto disso é visível nos dados: quase 90% do Produto Interno Bruto (PIB) local vem da indústria, com forte predominância da mineração.
Esse tipo de atividade econômica exige mão de obra técnica especializada, especialmente nas áreas de engenharia e produção. São profissionais responsáveis por planejar, executar e gerenciar desde a extração até a logística e segurança ambiental do processo minerador. Com isso, o município atrai cada vez mais pessoas nessa área.


Parauapebas, a cidade vizinha, e conhecida como “a capital do minério”, aparece logo em seguida no ranking estadual, com 17% dos profissionais com ensino superior formados nas áreas de engenharia, produção e construção. Assim como Canaã, a economia do município é fortemente pautada na mineração: 82% de seu PIB é composto pela indústria, especialmente a extrativa mineral.


A semelhança entre os dois municípios não é coincidência. Ambos são pilares da produção e exportação mineral no Brasil e respondem por uma fatia significativa das exportações de minérios no país: juntos, exportaram o equivalente a US$ 12,3 bilhões em minérios de ferro em 2024, o que representou 41% de toda a exportação brasileira do produto.


A presença de grandes empreendimentos, aliados à infraestrutura exigida por esse setor, faz com que haja uma demanda constante por engenheiros, tecnólogos e outros profissionais com formação técnica especializada.
Análises como essa são fundamentais para entender a dinâmica do mercado de trabalho em regiões com vocação industrial. Saber onde estão os profissionais e quais áreas concentram mais formação permite que políticas públicas, instituições de ensino e até empresas privadas possam planejar melhor suas ações, seja na oferta de cursos, seja na atração de investimentos ou no direcionamento de programas de qualificação profissional.


Para quem é — ou pretende ser — engenheiro, tecnólogo ou atuar na área de produção e construção, conhecer esse tipo de dado é estratégico. Canaã dos Carajás e Parauapebas mostram que, em regiões onde a indústria (mineral) é o coração da economia, há espaço e demanda constante por profissionais qualificados.


Mais do que apontar tendências, esses dados revelam realidades que moldam vidas e definem trajetórias. Afinal, por trás de cada número, há histórias de quem escolheu colocar a mão na massa — ou, no caso, no minério — e transformar a riqueza do solo em oportunidades de futuro.

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