Canaã dos Carajás, Parauapebas e Marabá, três importantes players da mineração estadual e nacional, arrecadaram juntos quase meio bilhão de reais com a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) apenas nos três primeiros meses de 2025. O total chega a impressionantes R$ 467,3 milhões, valor 4% superior a igual período de 2024.
Canaã dos Carajás lidera a lista com R$ 202,7 milhões, seguido de perto por Parauapebas, que arrecadou R$ 201,1 milhões no mesmo período. Marabá, por sua vez, somou R$ 63,5 milhões.
Os números reforçam o peso da mineração na economia regional. Canaã dos Carajás é atualmente a segunda maior economia do Pará e a terceira maior da região Norte do Brasil, segundo dados do IBGE referentes a 2021. Parauapebas é ainda mais expressivo: ocupa o topo do ranking como a maior economia do estado e a segunda maior da região Norte. Já Marabá é a quarta maior economia do Pará.
A CFEM é uma compensação financeira paga pelas empresas mineradoras pela exploração de recursos minerais. A arrecadação beneficia diretamente os municípios onde a atividade ocorre, representando uma importante fonte de receita para o orçamento público.
Esses recursos podem ser utilizados para ampliar investimentos em áreas como saúde, educação, mobilidade urbana e meio ambiente, desde que não sejam destinados ao pagamento de dívidas ou à folha de pagamento de pessoal, conforme determina a legislação vigente.
As projeções contidas na Lei Orçamentária Anual 2025 (LOA) de cada município, estimam que Canaã dos Carajás deverá receber R$ 900 milhões em CFEM, já Parauapebas deverá arrecadar R$ 756 milhões, enquanto Marabá tem estimativa de R$ 165 milhões. Se confirmadas, essas cifras somarão mais de R$ 1,8 bilhão no ano.
Parauapebas, inclusive, em legislação própria (Lei Municipal nº 4.926/2020) determinava que, no mínimo, 20% dos recursos oriundos da CFEM seriam destinados ao Programa Municipal de Investimentos (PMI), que foi executado e coordenado pela Secretaria Especial de Governo (SEGOV) por quatro anos.
É fundamental lembrar que a atividade mineral, embora hoje seja o principal motor dessas economias, é finita. Os recursos minerais, uma vez extraídos, não se renovam. Por isso, mais do que investir, é preciso investir bem. A CFEM deve ser encarada como uma oportunidade histórica de construir bases sólidas para um desenvolvimento sustentável e duradouro.
Direcionar esses recursos para políticas públicas que gerem inclusão produtiva, diversifiquem a economia local e melhorem os indicadores sociais é um caminho indispensável. Investir em educação, inovação, infraestrutura e em atividades que respeitem o meio ambiente pode preparar os municípios para o futuro — um futuro em que a prosperidade não dependa apenas da mineração.
A reflexão que se impõe é clara: como transformar a riqueza gerada pela mineração em um legado permanente para a população? A resposta está no planejamento, na responsabilidade e no compromisso com um desenvolvimento que dure além do minério.