Em uma reportagem da Folha de S.Paulo, foi divulgado que a Estrada de Ferro Carajás (EFC), operada pela Vale, está pronta para revolucionar o transporte ferroviário brasileiro ao ampliar significativamente o uso de biodiesel e introduzir os primeiros trens híbridos no país. Com cerca de mil quilômetros de extensão, conectando o Maranhão e o Pará, a EFC é uma via vital para o transporte de cargas, principalmente minério de ferro, e de passageiros, abrangendo 26 municípios entre São Luís e Parauapebas.
O anúncio desses avanços em descarbonização, que ocorre no ano em que a ferrovia celebra 40 anos de transporte de cargas, marca um compromisso com combustíveis mais limpos. A EFC assinou um acordo com a Wabtec Corporation para adquirir 14 locomotivas da linha Evolution (foto acima). Essas novas máquinas permitirão aumentar o percentual de biodiesel utilizado de 14% para 25% nas 297 locomotivas da frota. Testes laboratoriais indicam que o motor suporta até 50% de biodiesel, mas análises mais aprofundadas nas linhas férreas serão necessárias para determinar o limite da descarbonização.
João Silva Junior, diretor de operações da ferrovia, destacou que os testes de bancada em componentes como motores, compressores e turbinas não revelaram perda de potência, uma preocupação inicial. Os 25% de biodiesel deverão ser implementados a partir do próximo ano, com a entrega das locomotivas mais ecológicas, que serão produzidas na fábrica da Wabtec em Contagem, Minas Gerais. Essa medida representa um passo importante na redução da pegada de carbono da operação ferroviária.
Além do biodiesel, um acordo assinado em 2023 com a mesma fabricante permitirá a estreia de trens híbridos nas ferrovias brasileiras. Três locomotivas movidas a bateria serão acopladas aos trens a diesel que transportam minério de ferro, compostos por 330 vagões e três locomotivas. A tecnologia híbrida permitirá que as baterias sejam recarregadas a partir da frenagem da composição, otimizando o consumo de energia.
A adoção dessa tecnologia híbrida é projetada para gerar uma economia de 25 milhões de litros de diesel por ano, resultando em uma redução de 63 mil toneladas nas emissões de carbono. Silva Junior enfatizou a busca por locomotivas a bateria de alta potência, reconhecendo os desafios de substituir completamente as atuais locomotivas a diesel por elétricas, dadas as necessidades de manutenção e a alta demanda energética das composições de carga. A transição híbrida é vista como um caminho crucial para o equilíbrio entre desempenho e sustentabilidade.
A Estrada de Ferro Carajás, inaugurada em 1985 para transporte de cargas e com o serviço de passageiros implementado em 1986, atingiu um recorde de 423 mil passageiros transportados em 2023. Além do minério de ferro, a ferrovia também move milhões de toneladas de grãos e bilhões de litros de combustível, consolidando sua importância para a logística e a economia das regiões Norte e Nordeste. Essa iniciativa da Vale, conforme a Folha de S.Paulo, reafirma o papel da EFC como um motor de desenvolvimento que agora busca aliar eficiência e responsabilidade ambiental.