O olhar que fez história: Leonardo Silva, o fotógrafo que registrou o nascimento de Parauapebas

Se você já viu alguma das fotos do plebiscito que marcou a emancipação de Parauapebas ou da posse do primeiro prefeito, talvez não saiba: por trás daquelas imagens está um homem que chegou ao Pará na década de 1980 e, pouco tempo depois, se tornaria o fotógrafo da memória visual do município.

Nos 37 anos de Parauapebas, o CKS Online resgata a trajetória de Leonardo Silva, o técnico da antiga Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) que eternizou, com sua câmera, os momentos mais marcantes da fundação da cidade.

Se você já viu alguma das fotos do plebiscito que marcou a emancipação de Parauapebas ou da posse do primeiro prefeito, talvez não saiba: por trás daquelas imagens está Leonardo Santos Araújo da Silva, hoje com 64 anos, natural de Itacoatiara (AM), que chegou ao Pará ainda na década de 1980 e, pouco tempo depois, se tornaria o fotógrafo da memória visual do município.

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De jovem técnico a guardião da história

Na década de 1980, aos 21 anos, Leonardo chegou a Carajás — um território ainda em transformação, no auge do projeto de implantação da mineração na Amazônia. Em 28 de março de 1983, começou sua trajetória profissional na Companhia Vale do Rio Doce (hoje Vale) como estagiário de eletrotécnica. Foi efetivado como técnico e permaneceu na empresa até dezembro de 2006, quando foi para Corumbá-MS, onde reside atualmente com sua esposa e três filhos.

Foi nesse ambiente técnico e desafiador que sua paixão pela fotografia floresceu. “Quando cheguei, tudo era novidade: a arquitetura, a rotina, as pessoas, o entorno. Eu precisava registrar aquilo de algum jeito”, conta.

Leonardo começou com uma maquina fotográfica Olympus Trip 35mm, depois adquiriu uma PRAKTICA MTL3, de fabricação alemã, e por fim passou a utilizar uma Yashica FX-3 2000, cedida por seu setor para registrar atividades de manutenção do seu setor de trabalho.

Com o incentivo do colega Nilton, formado em artes, fundou ao lado de outros profissionais o Tropical CineClube, onde desenvolveram um laboratório de revelação em preto e branco e estimularam muitos trabalhadores a mergulharem no mundo da fotografia.

Serra dos Carajas 1984 – Cine Clube de fotografiasLeonardo Silva é quarto em pé, da esq. p/ dir.

Ano de 1995 sua primeira exposição fotográfica

Um dos momentos mais marcantes da trajetória fotográfica de Leonardo dentro da mineradora foi sua participação na CIPATMIN — sigla para Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração, uma tradicional semana de segurança do trabalho promovida internamente pela Vale.

Durante o evento, Leonardo realizou uma exposição com fotos impactantes, retratando as condições de alimentação e transporte dos trabalhadores terceirizados. A repercussão foi imediata, gerando debates internos e mostrando o poder da imagem como ferramenta de sensibilização.

“A exposição provocou uma reflexão muito forte. Era a realidade sendo exposta com sensibilidade. Foi ali que percebi que a fotografia podia ir além do artístico”, relata.

De volta ao passado

A pedido do CKS Online, Leonardo Silva apresenta três fotos que marcaram sua trajetória em Parauapebas. Ele revisitou seu acervo — estimado em mais de 5 mil imagens, muitas ainda inéditas — e selecionou três fotografias históricas que marcaram profundamente sua relação com o município. São registros que unem memória pessoal, contexto histórico e o olhar sensível de quem viveu cada momento.

A Votação do Plebiscito – 24 de abril de 1988


Local: Colégio Pitágoras de Carajás
O que acontecia: A população decidia nas urnas se Parauapebas se tornaria um município independente.
História por trás: Leonardo votou e foi fotografado por seu amigo Dorival Turci.

“Foi um dia emocionante. Um passo gigantesco para quem sonhava com autonomia”, lembra.

A Posse do Primeiro Prefeito – Janeiro de 1989

Local: Clube do Morro
Cenário: Ambiente semiaberto, calor intenso e público esperançoso.
Destaque: Leonardo foi convidado pelo um assessor de segurança da CVRD, Hernane Guimarães, para registrar a cerimônia.

“Era o começo da nossa política local. Foi uma honra estar ali com minha câmera”, relata.

Rua do Meio (Inferninho) – 1987 – Hoje rua Fortaleza


Local: Um dos pontos mais emblemáticos da antiga cidade
O que mostrava: Uma Parauapebas ainda rústica, com bares e comércio de madeira, em clima de faroeste.

“Ali pulsa a essência do que era Parauapebas antes da urbanização. Essa foto é crua, verdadeira”, descreve.

Imagens que constroem identidade
A trajetória de Leonardo Silva se mistura a história de Parauapebas. Além de fazer parte da construção do município, ele ajudou a registrar a história dessa terra e das pessoas.

“É uma felicidade imensa ter contribuído com a criação do município e registrado tantas cenas importantes. Tenho muito orgulho do que construímos”, afirma.

Leonardo Silva com a filha Lídia

Ainda assim, Leonardo reconhece que, apesar do crescimento, a cidade ficou aquém do sonho de quem ajudou a fundá-la. Neste aniversário, quando Parauapebas chega aos 37 anos, seu desejo é de que representantes políticos e moradores continuem trabalhando para que a cidade seja cada vez melhor

“A evolução urbana aconteceu, mas a qualidade de vida ainda deixa a desejar. Espero que a população se mobilize, cobre mais dos representantes e lute por um amanhã melhor”, finaliza.

Redação CKS online

Uma resposta

  1. Leonardo Silva é um ícone na história de Parauapebas, pra eu uma das expressões mais honesta sobre a história de nossa cidade

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